quinta-feira, 25 de junho de 2009

O Vlado*

“Ele adorava um bolo de café com cobertura de chocolate que vendia na lanchonete, o balconista sempre ligava para ele avisando que o bolo estava pronto. Mas ele gostava de tomar café no entardecer, ele se preocupava em comer com a luz bonita. Acho que ele nunca teve a consciência que era um poeta da imagem com uma base de repórter“.

Estas são algumas das lembranças que a jornalista Rose Nogueira guarda de Vladimir Herzog. Os dois trabalhavam juntos da TV Cultura, em São Paulo, quando Vlado, como era chamado pelos amigos, foi ao prédio do Destacamento de Operações de Informações- Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-CODI) prestar depoimento no dia 25 de outubro de 1975 e foi assassinado após ser torturado. Porém, a causa mortis alegada pelo DOI-CODI foi suicídio e, a partir dali, sua morte passou a ser mais conhecida que sua vida: o episódio foi um marco na ditadura militar por tamanha farsa e pela série de protestos que se seguiram. Três anos depois, a morte do jornalista foi também o primeiro caso em que a justiça condenou a União pela responsabilidade de seu falecimento e a indenizar a família.

“Para o Vlado, as coisas não eram um evento, eram parte de um processo e engraçado como ele foi o maior evento daqueles tempos e como se tornou parte de um processo”, lembra Rose, que se considera uma privilegiada por ter convivido com Vlado e com ele ter aprendido. “Considero ele meu amigo e professor, ia trabalhar com muita alegria, porque ele nos incentivava a fazer o melhor. Ele me ensinou muito sobre jornalismo: até hoje não uso a palavra auge porque ele falava que auge era orgasmo. Me ensinou muito sobre TV pública, coisas que até hoje uso. Vlado costumava dizer que a ditadura um dia acabaria, o povo não e por isso deveríamos fazer uma TV de qualidade. Ele apostava na gente, com uma doçura e a paciência muito grande e também com muita firmeza“, recorda a jornalista.

Para os que não foram privilegiados com o convívio profissional ou a amizade de Herzog, sua família e seus amigos criaram o Instituto Vladimir Herzog, que será lançado hoje (25) em São Paulo. Outro privilegiado, o cineasta e amigo João Batista de Andrade, diretor do documentário Vlado- 30 anos depois, contou à Agência Brasil que a iniciativa é uma forma de atender a uma demanda que nunca acaba: “O povo me assediava demais e nem sempre podia atender a todos os pedidos de fotos, imagens, depoimentos“.

O instituto nasce com a missão de organizar todo o material sobre o jornalista como textos, fotos, documentos e também dar continidade aos seus ideais, como afirma seu filho Ivo Herzog. “Queremos colaborar com a reflexão e o produção de informação voltado ao direito à justiça e ao direito à vida“, explicou. A ideia de preservar a memória de Vlado surgiu há mais de um ano e levou cerca de seis meses para ficar pronto.

Localizado inicialmente na rua Bela Cintra, o instituto também surge à procura de apoio institucional, “empresas que possam colaborar com sua manutenção”- disse Ivo- para que todos possam ser ao menos um pouco privilegiados com o legado de Vlado.

*Título que gostaria de ter dado na reportagem publicada na Agência Brasil.

Aos trópicos

Cena 1. Int. Empresa nova. Dia.

Como jornalista é a maneira mais glamourosa de ser pobre mas não isenta a pobreza, Ivy procura um novo bico. De terninho risca de giz, de posse de todos seus textos, currículos, diplomas e títulos ela vai até a nova empresa, que está contratando um freelancer.

MOÇA
Bom dia. Você que é a Ivy?

IVY
Sou eu sim, você é a Marcia, certo?

MARCIA
Sim, sou eu mesma. Me acompanhe por favor (andando pelo corredor até a sua sala). O Bruno me disse que você trabalha com política mas faz de tudo um pouco, é verdade?

IVY
Sim, Marcia, já fiz e ainda faço um pouco de tudo. Trouxe aqui meus textos da Placar, do Jornal da Tarde, da Superinteressante, da Capricho, da Nova, da Tpm...

MARCIA (interrompendo Ivy)
Da Nova? Que interessante, o Bruno não mencionou que você escrevia para lá. Você escrevia sobre o quê?

IVY
Fiz algumas matérias sobre sexo, beleza, comportamento, turismo, mas isso foi há muito tempo, eu ainda estava na faculdade.

MARCIA
Ivy, sente-se por favor. O Bruno lhe falou do que era o frila?

IVY
Não.

MARCIA
Que ótimo. Bem, nós somos uma agência de comunicação e prestamos serviços de publicidade e imprensa para alguns clientes. Estamos agora oferecendo conteúdo jornalístico e por isso estamos contratando uma pessoa para trabalhar de casa, que acaba sendo, vamos assim dizer, a opção mais confortável para este trabalho.

IVY (sem entender nada)
Que tipo de clientes?

MARCIA
Então Ivy, esta é a melhor parte: nós prestamos serviços de comunicação para toda indústria erótica brasileira. Produtoras de filmes pornô, sex shops, agências de garotas de programas, enfim, somos especializados em erotismo e pornografia.

IVY (tentando fingir naturalidade pensa: "Sei, putaria". Mas não diz nada)
Sei.

MARCIA
Enfim, um de nossos clientes agencia garotas de programas e vai começar a executar o serviço online.

IVY (pensando como seria um inferninho online: os homens pagam para fazer sexo virtual com as garotas?)

MARCIA
A idéia é revolucionária: será como um e-commerce convencional, só que com garotas. Ele colocará as fotos das moças, o cliente escolhe sua preferida e em até uma hora ela estará na sua porta.

IVY (pensando: que ótimo, sex delivery!)
Sei.

MARCIA
Mas como o comércio da prostituição é crime, temos que dar um jeito de viabilizar a idéia de forma que não fique tão na cara que é o que realmente é.

IVY (pensando: que ótimo, agora tenho cara de laranja. E pensar que eu reclamava da bunda com celulite...)
Como assim?

MARCIA
Nós vamos disponibilizar conteúdo no site. "Conteúdo", entendeu? (fazendo o sinal de aspas)

IVY (pensando: claro, conteúdo. O que não falta para estas mulheres é conteúdo).
Que tipo de conteúdo?

MARCIA (animada pela conversa ter chego até ali)
Contos eróticos. E como o dono da agência é um tanto quanto sofisticado, ele não queria contos de pura baixaria, por isso estamos procurando alguém com o seu perfil.

IVY (pensando que tipo de perfil ela tem para escrever contos eróticos. O que se coloca no currículo quando se candidata para uma vaga destas? Já dei para tantos, sou adepta de sadomasoquismo?! A Carrie Bradshaw quando está fudida faz frila pra Vogue e ela tem que escrever contos eróticos, bem à moda dos trópicos).
Meu perfil? Que tipo de contos eróticos?

MARCIA (surpresa)
Sim, alguém que estudou, formada, com cultura, cursos. Vi no seu curriculum que você estudou na New York University, escreve contos, crônicas. Mas Por que você pergunta que tipo de contos?

IVY (agindo profissionalmente pensa que pelo menos ela leu o currículo. Pelo menos)
Por que se for conto erótico para homem hetero nem precisa me pagar para isso, vocês mesmo fazem. Basta escrever que duas lésbicas gostosas e sexies estavam se amando quando se deram conta quão ruim é a vida do velcro velcro após conhecer O cara, dono do pinto mais perfeito da face da terra, que as resgatou do sem graça mundo do bate coxa e as elevou a incrível categoria do sexo a três, porque eu me recuso a dizer ménage, e desde então elas descobriram as maravilhas proporcionadas por um pau magnanimo e fim da história.

MARCIA (surpresa)
Nossa, como você é prática!

IVY (continuando o tom profissional como quem fala da taxa Selic)
Estou errada? Homem hetero gosta disso, de mulher e nada mais. Para os homens as coisas são muito mais simples.

MARCIA (olhando surpresa, não interrompe)

IVY (em tom prático-profissional)
Como diria a Rita Lee e o Raul Seixas, agora é moda duas mulheres botarem as aranhas para brigar. Desde, claro, que tenha uma cobra para comer as duas. E homem que é homem gosta disso: de mulher e por isso quanto mais, melhor, desde que claro seja assegurado o papel do macho poderoso e soberano dos lençóis. Uma vez ouvi que existem três tamanhos de pinto.

MARCIA (interrompendo começa a rir)
P, M e G?

IVY (ainda no clima entrevista de emprego)
Não, o grande, o enorme e o magnífico.

MARCIA (começa a rir porque finalmente alguém leva a entrevista de emprego a sério. Engraçado que é uma menina completamente maluca que entende que se trata de um assunto profissional)
Então você aceita o trabalho?

IVY (sem entender)
Depende. Os contos serão só para homens heteros?

MARCIA (também sem entender)
Por que você pergunta?

IVY (dentro do clima entrevista de emprego)
Porque, como disse, se for para homem hetero é realmente muito simples. Se for pra gay mais ainda, porque é só colocar as duas cobras pra brigar e pronto. Mas se for escrever para mulher, nossa, fica difícil demais: tem que descrever o cenário, criar perfil psicológico dos personagens, retratar desde como foi a primeira troca de olhares, o primeiro encontro, inventar jantares, flores, situações totalmente ficcionais, juras eternas de amor para só ai entrar na foda final. Dá muito trabalho, to fora.

MARCIA (feliz porque alguém chegou no final da entrevista de emprego diz sorrindo)
Não, é só para homem hetero mesmo. A proposta das duas mulheres é ótima. Então quer dizer que você aceita?

IVY (profissionalmente)
Depende, você não me disse quanto vai me pagar por isso.

MARCIA (fazendo cara de que claro, nem tudo é perfeito, lembra que o site tem que estar no ar em duas semanas e o cafetão, ops, cliente, exige bons contos eróticos e é o maior cliente de sua agência lembra que seu chefe sinalizou que poderia aumentar o valor do cachê caso a situação ficasse realmente difícil)
Bem, estamos pagando 5 reais...

IVY ( interrompe profissionalmente)
Sinto muito, mas é muito pouco.

MARCIA (continuando)
POR PALAVRA (enfática). E você pode escrever o quanto quiser, é tema livre, desde que não contenham erros de português e o conto tenha o mínimo de estrutura narrativa.

IVY (pensando que já que está nos trópicos é melhor vender a alma para um cafetão endinheirado do que o corpo. E a oferta é melhor do que aquele frila oferecido pelo senador em Brasília. Em termos de dinheiro e de ética)
Começo quando?

Close na expressão final de iVY. Sobre BG. Fade out.

Esta é uma obra de ficção, principalmente a parte dos 5 reais a palavra. Tirando IVY, os demais personagens como também situações não existem. Qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência.

quarta-feira, 24 de junho de 2009

O ofício



A primeira vez que me senti no ofício de ser jornalista de verdade foi no dia 15 de agosto de 2007. Quando cheguei naquela manhã ensolarado na redação, meu chefe me perguntou se eu conhecia o Joel Silveira. “Aquele do casamento da Paulista?", perguntei. Era ele mesmo, um dos maiores jornalistas deste país. Era porque ele tinha morrido naquela manhã. Meu chefe então, me incumbiu da missão de “enterrar“ o homem com o reconhecimento que ele merecia.

Conversei com grandes jornalistas, entre eles o José Hamilton Ribeiro, que me fez ganhar o dia. Além de ver o quão longe eu estava perante tantos grandes profissionais, com tantas grandes histórias, eu me senti cumprindo o meu ofício de noticiar, de continuar, meio que de meu jeito louco, um pouco da história de quem tanto noticiou e que, acredito eu, queria ver bem noticiado.

Escrever sobre jornalistas é algo particularmente mais difícil. Você tem a responsabilidade de honrar a tua raça, de se esmerar para estar minimamente à altura daqueles que são inatingíveis em seu ofício. Lembro desta história porque hoje fui incumbida novamente por minha chefe a escrever sobre Vladimir Herzog. “Capriche, porque ele merece". Fica aquela coisa, de homenagear e noticiar da melhor maneira possível, acho que um médico deve sentir do mesmo jeito quando tem que atender outro médico. Acaba sendo um pouco de frio na barriga, um certo de medo de errar com aquele que não pode ser errado. Ou um misto de admiração, homenagem. Mas, acima de tudo, respeito, muito respeito.

Por hora, a matéria publicada em 2007 no Jornal da Tarde:

Morreu uma parte do jornalismo
Joel Silveira, um dos maiores nomes do jornalismo nacional, ex- correspondente dos Diários Associados na Segunda Guerra Mundial, morre aos 88 anos

Ivy Farias, ivy.farias@grupoestado.com.br

'Por favor, capriche.' Foi este o pedido de Maurício Azedo, presidente da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), para este texto sobre o falecimento de Joel Silveira. Considerado um dos maiores repórteres brasileiros, o jornalista morreu enquanto dormia, na manhã de ontem. Caprichar não é tarefa difícil quando é preciso falar sobre os 88 anos de uma vida cheia de feitos como foi a de Joel.

Do casamento da filha do conde Matarazzo até a Segunda Guerra Mundial, o jornalista escreveu textos clássicos do jornalismo brasileiro, como Eram assim os grã-finos em São Paulo, A Milésima Segunda Noite da Avenida Paulista e sua narrativa do encontro com o ex-presidente Getúlio Vargas.

Joel Silveira era um homem simples. Morava com sua esposa Iracema num apartamento em Copacabana, Rio de Janeiro, e rejeitava qualquer grande título. Por sua própria exigência, morreu em casa. Pediu também que não houvesse velório. A filha Elisabeth Silveira decidiu apenas colocar uma música de Beethoven pouco antes da cremação, marcada para hoje no Crematório da Santa Casa, no bairro do Caju, às 15h. 'Ele já deve ter encontrado os amigos Vinicius de Moraes e Rubem Braga no céu', acredita Elisabeth, que nos últimos tempos leu para o pai, que ficara cego. 'Ele perdeu seu maior prazer na vida, que era a leitura. Joel era um bom repórter por ser dotado de grandes sentimentos e ter o domínio da língua portuguesa', diz Maurício Azedo.

Sergipano, Joel adotou o Rio de Janeiro como sua cidade na década de 1930 e começou sua carreira na revista Dom Casmurro, do jornalista Bricio Filho. Ao lado de Samuel Wainer e Rubem Braga, cobriu a Segunda Guerra Mundial para os Diários Associados. 'Dos três, ele era o mais repórter', afirma o jornalista José Hamilton Ribeiro. Sua atuação junto às Forças Expedicionárias Brasileiras (FEB), na Itália, é referência até hoje. 'Joel Silveira foi o maior repórter brasileiro dos últimos 50 anos. Ele deixou um grande exemplo para várias gerações de profissionais com esta cobertura', afirma Cícero Sandroni, jornalista e secretário-geral da Academia Brasileira de Letras (ABL). Antes de partir para a Europa, o repórter ouviu de Assis Chateaubriand, dono dos Diários Associados, a célebre recomendação: 'Não morra, porque repórter não é para morrer, é para trazer notícias'.

Foi o próprio Chatô que o apelidou de Víbora, por seu humor inteligente e ácido. 'Mas ele não era um velho ranzinza, só tinha algumas implicâncias', diz Geneton Moraes Neto, jornalista e diretor do programa Fantástico. Amigos há mais de 20 anos, Joel costumava contar para Geneton que não entendia por que os alpinistas escalavam montanhas sendo que poderiam viajar de avião. 'Ele também dizia que se fosse imperador de Sergipe por um dia proibiria a entrada de João Gilberto e pagaria uma pensão para que o cantor tocasse sozinho numa ilha em que ninguém pudesse ouvi-lo', recorda Geneton.

Ganhador dos prêmios Jabuti, Esso e Machado de Assis, estes dois últimos por sua contribuição como grande repórter e literato, Joel escreveu também mais de 22 livros, entre eles Na Fogueira: Memórias(Ed. Mauad) e Guerrilha Noturna (Ed. Record) e incontáveis histórias para revistas como Manchete e O Cruzeiro. 'Com Joel morre um pedaço da reportagem brasileira. Ele foi mais do que um jornalista, foi repórter. Ele escreveu coisas que só poderiam ser feitas por um brasileiro, com picardia e humor que só ele tinha', fala o escritor Ruy Castro.

Às vésperas de sua morte, Joel comentou com o amigo Geneton que achava a vida injusta, pois criaturas como ele viviam tanto enquanto as borboletas morriam cedo. Pensou também em ter como epitáfio em sua lápide: 'Aqui jaz um desafortunado que, em vida, não conseguiu ler Guerra e Paz no original'. Como um bom repórter que se preze, até nisso Joel Silveira caprichou.

'Joel era só repórter, o verdadeiro repórter. Não há nada no jornalismo melhor que a verdadeira reportagem”
JOSÉ HAMILTON RIBEIRO
JORNALISTA

'Com Joel morre um grande pedaço da reportagem. Ele foi mais do que um jornalista, foi um repórter, grande repórter”
RUY CASTRO
ESCRITOR

'Joel teve uma trajetória longa, fecunda, brilhante. Foi uma das estrelas do jornalismo e figura humana extraordinária”
MAURÍCIO AZEDO
JORNALISTA

Você tem fome de quê?

"Quando eu to com fome, eu como até as palavras".
Marli Moreira, repórter da Agência Brasil, não cobrou cachê por este delírio.

Sobre sexo e indústria

O meu primo me escreveu um e-mail hoje comentando o meu post anterior. Achei tão bom que pedi licença para publicá-lo aqui. Acho que a democracia não é apenas o "regime corrente" de nosso país e sim a possibilidade do diálogo, da dialética em todos os meios, inclusive este.

Tenho medo de que as pessoas que lêem o que escrevo me achem a sábia da montanha, senhora de todas as verdades. Lembro que quando eu tinha meus 13, 14 anos e lia a Capricho me sentia ofendida pela linha editorial da revista, que parecia ser a dona da verdade e gostava de julgar as adolescentes com dogmas do tipo "você só pode perder a virgindade com o seu namorado, depois de dois anos de namoro e que ele seja muito especial". O cara que tirou a minha virgindade é um perfeito idiota e acho que nem se ele não fosse teria doído menos (nossa, e como dói!).

Mas enfim, voltando à putaria, eu não sou dona da verdade e por isso abri minhas linhas tortas da loucura para este ser genial que tenho a honra de ser prima, não por consanguinidade, mas por afeto e confluências de opinião. Acho que a única coisa que a gente discorda é sobre política, mas bem, nada é perfeito. Ladies and gentlemen, I give you Nilton Nunes, a.k.a my guru:

Subject: Comentario!
Date: Wed, 24 Jun 2009 11:17:26 -0300

Fala Ivy, beleza? Como foi o restante do aniversario?



Estava lendo sobre o seu ultimo post sobre o sexy time. Excelente. Mas tenho um comentário, e escrevi isto, acho que nem cabe lá, mas também quero saber se você acha que ficou bom e não ficou ofensivo, rsrs.



Beijo.



Nilton Thomaz Nunes

www.ntnunes.com.br

www.turmadamamadeira.com.br





Bom, vamos lá vamos aos fatos.



Gosto de sacanagem, gosto de mulher pelada. Como todo homem, gosto de um belo pornô.



Dêem uma olhada nesse ótimo exemplo (até aproximadamente 5minutos) de como o homem 100% HT funciona: http://www.youtube.com/watch?v=8O8rFULbkhI. Se não for assim, ou não é 100% ou está te jogando um xaveco furadissimo.



Então não sejamos hipócritas mesmo. Sexo vende. Sexo vende muito, e saibam que quase tudo que temos hoje se deve à busca do sexo, como o visto no Sexytime e muito pior. Vou começar com o exemplo mais simples pra depois chegar nos dias de hoje.



Faz parte da “historia popular” do mundo que a profissão mais antiga que existe é a prostituta. A segunda “profissão” seria o ladrão, que rouba para pagar a prostituta. Fiquem sabendo também, que hoje compramos em segurança livros raros na Amazon ou na Barnes & Noble, com nossos cartões Greenpeace Visa Card porque, nos primórdios da internet, para se vender conteúdo pornô, os sites pornográficos precisavam de um meio seguro para que os masturbadores de plantão pudessem executar suas tarefas sem se preocupar com contas obscuras no final do mês. O vale de San Fernando, nos EUA, o maior produtor pornô do mundo, gera aproximadamente 12 bilhões de dólares por ano, uma quantia astronomicamente superior ao que produz o cinema nacional, por exemplo. E observe que grande parte do cinema nacional sustenta-se sobre uma base de erotismo para tentar, assim, conseguir alavancar sua audiência. O Google suprime temas relacionados a sexo na lista das palavras mais procuradas simplesmente por estarem facilmente nas primeiras posições – nas todas 10 primeiras no mínimo.



Quanto ao pornô voltado para o publico feminino, as poucas tentativas foram fracasso de publico. Pois bem, homens pensam em sexo 24 horas por dia, e uma pequena parte da programação televisiva, na madrugada, passa filmes eróticos (não pornográficos). As pessoas que se sentem ofendias ou acham que “o homem por cima” significa a dominação da mulher, realmente se esqueceram que sexo é entrega e não julgamentos. Por isso cada dia que passa, mais e mais pessoas são infelizes, escondendo, por trás de sua ofensa, sua frustração em relação ao sexo. Sexo é bom, vende e relaxa.



Realmente não sei se é pior ver duas pessoas transando na tela ou quatro peruas (me perdoe Ivy, mas eu acho legal a série, não se preocupe) gastando rios de dinheiro por um sapato. Particularmente creio que é muito mais um tapa na cara uma pessoa torrar USD 2.000,00 numa bolsa, do que ver uma pessoa simulando um leve sexo oral.



Sugiro a vocês que encarem sob uma outra ótica a programação televisiva adulta. Explico-me. No comentário anterior, nossa amiga descreveu que se sentiu constrangida (ou possibilitada de constrangimento) por acordar e a televisão estar passando filme erótico. Que mal há nisso? Sexo é pecado? Gostar de sexo lhe transforma em uma vagabunda? Sexo é sujo? Não, claro que não, nada disso. Por isso observem de uma outra visão. Se você fosse um cidadão mulçumano de certos costumes ancestrais, que em visita ao Brasil, soubesse, ao conversar com um brasileiro que as mulheres aqui se casam sem terem feito infibulação ( http://images.google.com.br/images?q=infibula%C3%A7%C3%A3o&oe=utf-8&rls=org.mozilla:pt-BR:official&client=firefox-a&um=1&ie=UTF-8&sa=N&hl=pt-BR&tab=wi ) com certeza ficaria chocado, e diria, ao chegar nos cafundós do Irã (pasmem, não acontece apenas em tribos isoladas da África): “Que vergonha seria, imagine só, se ao acordar em meu plantão, estivesse na minha sala uma mulher não clitoridectomizada! Imagine se alguém entrasse!). Enquanto isso, em um país extremamente desenvolvido como a Holanda, o sexo é abordado com algo natural, e não como algo a ser julgado e escondido – o resultado disso é uma população bem informada em relação à DSTs, com baixo nível de natalidade e baixo grau de queixas em relação à vida sexual, seja ela de qualquer preferência.



Portanto, nossa ojeriza às cenas de sexo, não se deve ao fato de ser um desrespeito ou algo a se envergonhar. Mas sim de saber que pode ser diferente ou que alguém pode ser melhor que nós. A baixaria é algo diferente, que se aproveita da curiosidade humana relacionada a sexo, sangue e morte para vender, saciando outros desejos conscientes ou não. Se você tem a sorte de ter raciocínio e um mínimo de vontade, basta mudar de canal ou ler um livro (porque não algo extremamente sensual como Drummond?). Volto a dizer, como sempre digo para minha grande amiga Ivy: deixem de julgar, aprendam e desfrutem, porque excessivamente grave, é a vida, como diria Vinicius.

terça-feira, 23 de junho de 2009

Delírios Insanos de uma noite sem sono

Nem mesmo a TV a cabo consegue salvar às 17h. Neste horário só mesmo o chá. Fato: cheguei em casa às 17h e como não tinha nada para fazer eu dormi. E acordei às 21h. E fiquei sem sono até agora 1h32. Sem ter o que fazer, liguei a TV às 23h. Sex and the City no Multishow. Cool. De repente, um intervalo. Intervalo sexy. Garotas apelidadas de sereias na praia em trajes mínimos. Ok, time to zap.

No canal irmão do Multishow, o GNT, uma senhorita brincava com o membro de seu par do sexo masculino. Mais um zap. E depois outro. Todos os canais estavam repletos de sacanagem, putaria. Todos os canais à noite são tomados por meninas semi nuas. Ou casais em preliminares. No Friends, no Gilmore Girls, no movies.

Eu achei que a única coisa pornô que existia na TV à noite eram aqueles filmes mal dublados da Band. Mas me enganei. E o que acontece com o resto da população fictícia? Vão todos dormir e sonhar com anjos enquanto os homens ficam com a putaria? Sim, porque o pouco que apreciei deu para ver que o público alvo dos filmes são homens. Não há nada sexy para mulheres? NÃO!

Desanimada, peguei um DVD. Mas parei para escrever aqui por que fiquei confusa: será que os canais colocam filmes pornô à noite por que este é o horário dos homens pensarem naquilo? Mas os homens não pensam naquilo o dia todo? Se eles já pensam nisso, por que então dedicar um horário só para putaria para eles? Afinal, se os homens pensam em sexo o dia todo, deveria passar filme pornô o dia todo, não?

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Respeitável público, o homem!

Desde Roma antiga que os governantes já sabem: o povo precisa de pão e circo. Os romanos, claro, sábidões até não poder mais, estavam tão certos que suas lições- incluindo esta que comecei o texto- não só resistiram como se adaptaram aos novos tempos.

O pão, claro, continua sendo feito com água, farinha, ovos. Quer dizer, hoje tem pão com centeio, pão com aveia, pão com azeitona, enfim, tem pão de tudo.

O circo, como era de se esperar, também mudou. Em tempos de politicamente correto, se divertir vendo bichos executando as mais diversas tarefas não tem graça nenhuma- além de ser proibido por lei. O que resta então a nós, humanos demasiados humanos, para nos entreter? Nós mesmos!

Hoje, os bichos foram substituidos por homo sapiens. Não, não estou falando do Cirque de Soleil. Preparamos a pipoca e o guaraná para ver a entrevista dos Nardonis e da Ana Carolina Oliveira no Fantástico. Damos risadas das lágrimas da menina Maísa e acompanhamos mais a vida do Max e da Francine (quem?) do que o casal da novela das oito, ops, nove.

Os hits do YouTube são o Obama matando uma mosca, ninguém quer saber o que ele disse sobre o Irã, a crise financeira internacional: todo mundo quer ver o presidente dos EUA como um… mero mortal, destes que matam moscas.

A ficção simplesmente perdeu a graça. Ninguém mais lê Jane Austin, Mark Twain, Monteiro Lobato. O interessante é ler os diários virtuais de uma mulher que perdeu o marido pouco antes de dar à luz ou do homem que cria sozinho a filha porque a mulher morreu um dia depois do parto. Ninguém mais segue novela, o povo segue o Twitter, acompanha blog, xereta no Orkut. Hoje as maiore audiências da TV são o caso Eloá, o acidente da Air France, a ascensão da Susan Boyle, enfim, estas coisas reais (incluindo Big Brother, claro) do que os filmes e novelas.

Acho que o último personagem de ficção que eu me lembre de ter inspirado as massas foi o Harry Potter. Isso porque as crianças (ainda) não descobriram quão saboroso pode ser esta realidade apimentada. Sim, porque a pimenta nos olhos dos outros não é só refresco, é também diversão.

Fico me perguntando por que nós nos tornamos bichos de nós mesmos, como a realidade pôde ficar tão saborosa. O que os bichos fizeram para perder a graça? Nada, nós que passamos a perseguir a perfeição que viramos robôs. Esquecemos, ou pior, passamos a ver com maus olhos qualquer sinal de imperfeição- ou seja, humanidade.

Eu me pergunto como os romanos puderam ser tão inteligentes em uma única era? Na época do Coliseu, eles sentenciaram que a humanidade seria mesmo baseada no pão e no circo, mesmo que este último não tivesse lona e fosse substituido por eletrônicos como a tv, o celular e o computador.

O Bicho
Vi ontem um bicho

Na imundície do patio

Catando comida entre os detritos.


Quando achava alguma coisa,

Não examinava nem cheirava:

Engolia com voracidade.


O bicho não era um cão,

Não era um gato,

Não era um rato.


O bicho, meu Deus, era um homem.


Manuel Bandeira

segunda-feira, 15 de junho de 2009

História para ser contada

A Bibi deixou um recado no último post dizendo que estava com saudades das minhas loucas histórias. Faz sentido que minhas histórias sejam loucas, afinal, o nome do blog é Delírios Insanos de Ivy Farias. Quando comecei a blogar, escrevi que iria escrever o que eu quisesse, apenas o que eu quisesse. Se eu quisesse publicar receita de bolo, poema do Camões, dica de restaurante ou de loja, crônicas, contos e os meus mais doidos delírios, tava valendo. Eu achava que tinha uns pensamentos muito loucos, do tipo deixar um bilhete no vidro de um carro mal estacionado dizendo: "Estúpido, volte para a auto-escola!" (sim, eu pensei nisso uma vez que um idiota ocupou duas vagas ao invés de uma). Nunca quis fazer desabafos do tipo Carolina Dieckmann porque achava ridículo, achava que a vida da gente tinha que ficar restrita (e olha que nem sou artista pra não falar da minha vida pessoal, é só um jeito de pensar).

O fato é que tenho vivido uma história muito doida nos últimos tempos e como a Bibi disse que estava com saudades das minhas loucas histórias, eis aqui uma verdadeira, em tempo real para ser contada.

Como escrevi anteriormente, em janeiro eu me mudei para uma casa nova onde estava vivendo em paz e muito feliz. Disse estava porque já nem sei mais se estou. O fato é que os meus vizinhos, que eu considerava uma nova família, entraram em desarmonia. Tudo porque um vizinho, louco de cíumes, teve um chilique desgraçado. Não foi o primeiro e a então namorada dele deu um basta. Disse: "Tchau, não tô mais afim de viver deste jeito, vai ser feliz com outra pessoa porque eu não consigo ser feliz com você." Eu que já tinha visto tantos breakups na vida achei que este era mais um. Não era.

O ex-namorado da cidadã de bem, trabalhadora e boa pagadora de seus impostos, não se conformou com o fim que ele mesmo criou após tantas violências, agressões, crises e mais crises de cíumes e passou a persegui-la. Isso já tem um mês. No começo, eu, como boa irmã número 9, era a fiel ouvidora e conselheira, era acordada às 8h da manhã de um sábado- único dia que tinha para dormir até mais tarde- para ouvi-lô lamentar a vida. Ou então, gripada e sem voz, tinha que dar um jeito de me comunicar com ele para tentar acalmá-lo, fazer com que ele move on.

Eis que um dia, eu, desavisada, fui encontrar com a ex-namorada dele em seu local de trabalho. Ele, que parecia não ter nada melhor para fazer, tinha (ou tem, isso cabe a polícia dizer) por hábito vigiá-la, ficar de campana, sempre às escondidas, claro, na frente de seu trabalho ou de sua casa. Naquele dia que eu fui simplesmente fazer as unhas ele estava lá e fez a primeira ameça contra mim. Chamei a minha madrinha, que mora aqui do lado, e deu um chega para lá nele.

Passaram-se duas semanas e ele voltou a me procurar. Parecia o mesmo amigo de sempre. Mas como eu estava, ou melhor, sou ocupada e minha paciência tinha esgotado, parei de ficar alugando- ou melhor ainda- doando de graça os meus ouvidos. Ficou por isso mesmo até o dia em que estava saindo de casa na semana retrasada e fui atacada por este ser que me recuso a chamar de ser humano ou cidadão, tamanha sua covardia.

Com medo, fugi daqui. Durante a madrugada seguinte, ele me enviou uma mensagem de texto dizendo "Presta atenção antes de me ameaçar, você não sabe com quem está lidando. Presta atenção antes de me ameaçar porque está para nascer quem vai me por medo". Passei quatro dias fora.

Desde que voltamos para casa, estamos em estado de alerta. Meu tempo livre nas últimas semanas foi usado para ir à polícia, primeiro para registrar um Boletim de Ocorrência, depois para prestar depoimento. A polícia não pode fazer nada enquanto não ouvir duas testemunhas e instaurar o inquérito, são as formalidades da lei e não acho errado nada que venha da lei. Acho errado a bárbarie, a covardia, a estupidez justificada em nome do amor.

Nos últimos tempos, não entendi ainda o que é o pior: se o sentimento da fragilidade, que é ver que de uma hora para outra você sim, corre risco e que "ganhou" um inimigo para sempre (quem me garante que ele não vai querer se vingar de mim mais para frente?). Ou se é você ouvir da sociedade- como eu ouvi de um amigo quando pedi ajuda- o que eu tinha feito para me meter nisso, que eu buscava confusão, como se a errada e a culpada fosse eu, que literalmente não tenho nada a ver com a história. Ou se é ouvir todas os impropérios que eu ouvi de alguém que eu só ajudei e aconselhei a tentar ser feliz. Ou se o pior é viver em estado de atenção e alerta, ter sua liberdade vigiada por alguém sem ter cometido algum crime. Ou se o pior é viver numa sociedade machista que acha tudo o que este X (por falta de expressão melhor) tem feito a mim e a ex-namorada dele é justificável, ver a falta de compaixão das pessoas e a maneira como todos gostam de julgar sem estar a par de todos os fatos. Ou se o pior é ouvir dos meus amigos para sumir, sair da minha própria casa que foi montada com tanto carinho, e deixar minha amiga ao Deus dará porque isso é- na visão deles- o mais fácil. Para mim é o mais difícil, porque eu não conseguiria conviver com o fato de que quando alguém mais precisou eu só pensei em mim e que além de não ter agido como uma amiga, também não agi como cidadã me esforçando para ver este infeliz pagar pelo que fez.

Tenho pensado em todas as mudanças que estamos tendo que fazer para ter um pouco mais de segurança e que ele, o agressor, está vivendo a vida dele normalmente, como se nada tivesse acontecido e ainda continua nos importunando com milhares de ligações e mensagens de texto. Tenho pensado que caso meus pais morassem na mesma cidade que eu, se meus irmãos morassem na mesma cidade, se meus primos fortes morassem, enfim, se eu tivesse uma família ou um namorado forte por perto este X estaria fazendo isso (eu acho que não). Tenho pensado que ele é louco, mas louco para mim é aquele que rasga dinheiro e acho que como sou sozinha nesta cidade, ele se acha no direito de despejar suas frustações em mim, pressupondo que eu não tenho como me defender ao invés de assumir seus erros, que adianto: não foram poucos.

Tenho pensado muito na Eloá, que pagou com a própria vida pelo simples fato de ter namorado um cara (quem disse que tem que morrer por que deu um fora?) e na Nayara, ou N. como prefere chamar o jornal Agora, que estava fazendo um trabalho de escola na casa da coleguinha e levou um tiro na boca pelo simples fato de ser amiga da ex-namorada de um covarde com uma arma na mão. E penso que tal e qual a Nayara não tinha nada ver com a história, eu também não tenho e estou sendo perseguida simplesmente porque um X não consegue aceitar que ele é o problema, que a ex-namorada não o quer de volta porque ele é um chato e pé no saco, além de ser ciumento e violento e não porque eu, sim, euzinha, esteja fazendo a cabeça dela.

Ninguém faz a cabeça de ninguém, assim como o amor que este X diz ter não é amor. O amor é algo maior e muito mais sublime. Quem não sente amor por pais, irmãos, amigos, enfim, ao mundo em que vive, não consegue amar alguém no sentido bíblico da palavra. O amor é formado por respeito a si e aos seus, depois a um(a) terceiro(a) que aparece eventualmente em nossas vidas. Eu fico pensando na mãe deste X e no que ele a está fazendo sofrer, que nem nela ele pensa, tanto que já confessou ter batido no pai, na mãe e no cunhado por causa da ex-namorada.

Infelizmente, a definição de amor do Aurélio é muito limitada e dá margens a interpretações das mais variadas, como amor é matar, perseguir, sufocar, denegrir. Não é. O amor não é nada disso. Seja na montanha russa ou na montanha encantada, o importante do amor é estar no parque de diversões, isto é, se divertir. O amor é ser legal e agradável para os dois, “é o estar preso por vontade". Amor não é ter ou pertencer, é querer e ser querido. Mas, infelizmente, tem gente que não pensa assim. E é por isso que eu acho que estas pessoas deveriam ouvir mais o Renato Russo, porque eu, assim como ele, acho que isso não é amor.

Mas como eu não sou a sábia da montanha e nem a Carrie Bradshaw, as minhas palavras não têm tanto peso. Por isso, publico agora as palavras daquele que entendeu bem do assunto e riscou em linhas nada tortas um soneto sobre o tema que coincide exatamente com o que eu penso. Confesso que estou cansada demais hoje para traduzir, mas se alguém que não entendeu quiser, deixa um recadinho com o e-mail que eu tento mandar a minha tradução caseira assim que for possível.

Sonnet CXVI

Let me not to the marriage of true minds

Admit impediments. Love is not love

Which alters when it alteration finds,

Or bends with the remover to remove:

O no! it is an ever-fixed mark

That looks on tempests and is never shaken;

It is the star to every wandering bark,

Whose worth's unknown, although his height be taken.

Love's not Time's fool, though rosy lips and cheeks

Within his bending sickle's compass come:

Love alters not with his brief hours and weeks,

But bears it out even to the edge of doom.

If this be error and upon me proved,

I never writ, nor no man ever loved.



William Shakespeare
(1564 - 1616)

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Será?

Tire suas mãos de mim
Eu não pertenço a você
Não é me dominando assim
Que você vai me entender
Eu posso estar sozinho
Mas eu sei muito bem aonde estou
Você pode até duvidar
Acho que isso não é amor.

Será só imaginação?
Será que nada vai acontecer?
Será que é tudo isso em vão?
Será que vamos conseguir vencer?

Nos perderemos entre monstros
Da nossa própria criação
Serão noites inteiras
Talvez por medo da escuridão
Ficaremos acordados
Imaginando alguma solução
Prá que esse nosso egoísmo
Não destrua nosso coração.

Será só imaginação?
Será que nada vai acontecer?
Será que é tudo isso em vão?
Será que vamos conseguir vencer?

Brigar prá quê?
Se é sem querer
Quem é que vai
Nos proteger?
Será que vamos ter
Que responder
Pelos erros a mais
Eu e você?

Legião Urbana

terça-feira, 2 de junho de 2009

Todos os Santos



Este não...


Int. Casa da Ivy. Noite

De pijama, Ivy atende o telefone. Era a PRIMA.

Int. Casa da prima da Ivy. Noite

PRIMA
Prima querida! Liguei pra te lembrar de começar a trezena de Santo Antonio. Hoje é dia primeiro, última chance de pedir pra Santo Antonio um namorado!

IVY
Então prima, com todo respeito, você sabe que eu amo Santo Antonio: afinal, eu sou de Osasco e ele é o padroeiro da cidade, graças a ele eu não ia à escola todo dia 13 de junho. Sem contar a quermesse né? Adoro! Ah, e ele é discípulo de São Francisco de Assis, meu santo de devoção, eu amo Santo Antonio, sou devota e fã dele...

PRIMA (interrompendo)
Eu sei prima, mas a simpatia começa hoje. Você comprou suas velas?

IVY
Então prima, como eu ia dizendo, com todo respeito e amor que eu tenho a Santo Antonio, mas já não é de hoje que ele não é mais O santo para arrumar namorado né?

PRIMA (indignada)
Como assim prima? Pirou? Santo Antonio, o santo casamenteiro...

IVY (interrompendo)
Prima, santo casamenteiro hoje em dia é o Santo Expedito, santo das causas impossíveis. Esqueceu que homem hetero é igual duende?



Este sim!

Coração de Estudante



Int. Auditório da Faculdade Anhembi Morumbi - NOITE

Uma multidão se aglomera na porta. O ex-presidente dos EUA, Bill Clinton, acabara de dar uma palestra e responder às perguntas dos estudantes.

IVY
Por que estamos aqui trancados?

ASSESSORA
Temos que esperar o dignissímo sair para depois a gente sair.

IVY
Por quê? Não tem tanta Mônica aqui.

ASSESSORA
Não se esqueça que você está numa faculdade e está cheio de estagiárias...

Multidão ri.